Uma vida não foi o suficiente, ela precisava de algumas a mais.
Vivia sem regras, talvez o céu fosse o seu limite, assumia os riscos de suas
loucuras, sabia que a morte era sua sombra. Tinha consciência que seu fim
poderia estar numa esquina, num banheiro ou quarto qualquer. Trocava o dia pela
noite e não tinha endereço, cada dia uma casa diferente, acordando com uma boca
diferente. Batom vermelho, a mesma jaqueta de sempre – no bolso esquerdo o pó, no
direito o cigarro -, algumas doses de cachaça porque acreditava que a queimação
em sua garganta eram seus demônios sendo levados embora e estava pronta pra
descer a Augusta.